edição:Velho Conselheiro Ze de Mello a 28.4.06


Continua ligado à sua cidade natal?
Nunca vivi em Elvas. Apenas fui lá nascer por motivos familiares. Continuo ligado à cidade através das relações familiares que aí tenho e das recordações das férias que aí passei em criança por ocasião do Natal, da Páscoa e sobretudo do São Mateus.
Que trajecto existe na sua vida entre o sair de Elvas e o cargo de Director do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa?
Bom, é uma longa trajectória na medida em que, como disse anteriormente, nunca vivi em Elvas. O cargo de Director do ISEGI-UNL é um passo de uma carreira académica iniciada com uma licenciatura em Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa. O escolher prosseguir esta via foi, na altura (1979), uma aventura, na medida em que ninguém falava de ambiente (aliás era motivo de troça) e sobretudo porque tudo estava programado para que fizesse uma carreira de engenharia tradicional no Instituto Superior Técnico. A partir daqui caminhei sempre por áreas novas e passei por um Mestrado em Planeamento Regional na Universidade de Massachussetts, onde tomei contacto com os Sistemas de Informação Geográfica. Depois de uma breve passagem por Portugal, onde trabalhei como consultor na então Direcção-Geral da Qualidade do Ambiente e no Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, voltei aos Estados Unidos, desta vez para a Universidade da Califórnia, para me doutorar em Sistemas de Informação Geográfica, área onde trabalho ainda hoje. No regresso a Portugal retomei a actividade de consultor independente, tendo ingressado na Universidade Nova de Lisboa um ano depois (1993). Aí fiz toda a carreira docente (de Professor Auxiliar a Catedrático), tendo sido eleito Director do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação desde 1999.
Como Engenheiro do Ambiente que avaliação faz da situação actual de Portugal neste domínio?
A minha actividade enquanto Engenheiro do Ambiente está orientada para os Sistemas de Informação sobre o Ambiente com base geográfica. A pergunta que me faz é de cariz mais político, e não pode ser respondida de forma eficaz num curto parágrafo.
Um provinciano em Lisboa ou um homem do mundo com raízes elvenses?
Penso que nem uma coisa nem outra. De facto nunca me senti provinciano em Lisboa na medida em que sempre lá vivi. As raízes elvenses actuam como um elemento enriquecedor da vivência social e dão-nos um contraponto de realidade diferente que actua como estimulante para o nosso dia-a-dia. Isto é particularmente interessante quando se passa tanto tempo no estrangeiro, como no meu caso. Em relação à segunda parte da pergunta gosto de me considerar um cidadão que tenta compreender os problemas do mundo em que vivemos como um todo, independentemente da nacionalidade ou da região de origem.
Uma cidade de tradição castrense, como Elvas, com um património invejável, uma economia tradicional ligada ao comércio e a agricultura na sua óptica que caminho deverá traçar para sobreviver à globalização e desertificação do interior?
Infelizmente desconheço a realidade sócio-económica concreta de Elvas em pormenor. Parece-me, no entanto, que cidades com as características de Elvas, muito ricas em património histórico, que inclui a arquitectura e as actividades económicas tradicionais, terão que dedicar especial atenção ao turismo de qualidade com procura cada vez maior na cena nacional e internacional. Este tipo de turismo procura locais bem conservados do ponto de vista arquitectónico, qualidade ambiental elevada, acesso a locais de lazer, repouso e contemplação, integrados em actividades económicas tradicionais como a agricultura, a silvicultura, a pastorícia, a gastronomia e as artes tradicionais. Isto obriga a um enorme rigor na protecção da qualidade ambiental do concelho, no controle do seu crescimento, na reparação de algumas feridas (por exemplo demolição de edifícios), na promoção de actividades económicas compatíveis com as exigências deste tipo de turismo, como a produção alimentar sem químicos, a implantação de unidades hoteleiras especializadas de pequena dimensão e, sobretudo, a promoção do nível de educação escolar da população em relação a estes aspectos.
Isto claro sem prejuízo das actividades económicas mais intensas que podem, se devidamente enquadradas, ser compatíveis com as outras.
Como saberá estuda-se neste momento a transformação da área, hoje agrícola, entre Elvas e o Caia para a implementação duma Plataforma Logística. Que reparos lhe merece esta estrutura?
Desconhecia esse projecto. Será certamente uma interessante fonte de rendimento e de postos de trabalho para a cidade. É preciso, no entanto, garantir que o projecto não contém acções que originem estragos irreversíveis para um desenvolvimento harmonioso do concelho. Por exemplo, alguns tipos de actividades industriais não são compatíveis com alguns tipos de turismo, nomeadamente porque degradam a qualidade da paisagem.
Da sua participação em vários estudos sobre a revisão da lei eleitoral a que conclusão chegou para a forma de melhor defender os interesses das populações locais? É um regionalista?
Participei nesses estudos não como especialista em questões de lei eleitoral mas sim na tentativa de resolver um problema matemático e geográfico, relativamente complicado de criação de ciclos e respectiva distribuição da população e seus representantes. No entanto, de um ponto de vista pessoal e de cidadão, acho que deve existir uma ligação, o mais estreita possível, entre os cidadãos e os seus representantes. A existência de círculos uninominais de candidatura é uma forma interessante de conseguir essa ligação uma vez que cada deputado representa um conjunto concreto de pessoas. Neste sistema as pessoas votam numa pessoa específica (que pode pertencer a um partido) e não em abstracto num partido em geral. Em relação a ser regionalista… penso que é necessário existir uma forma de as populações locais poderem expressar os seus interesses. Pode ser através dos municípios, das regiões, dos círculos uninominais… desde que funcione…
Que lhe falta na Capital que teria se vivesse em Elvas e vice-versa?
Na capital: a paz, a calma, almoçar em casa, mais tempo livre, o campo…
Em Elvas: a actividade cultural, os amigos… o aeroporto…
Qual a imagem de Elvas que lhe vem à cabeça quando lhe falam da sua terra natal?
Não querendo em banalidades, são mesmo os arcos e as casas dos meus avós as imagens mais recorrentes.

5 comentários:

Unknown disse...

Já repararam que aqui o Zé só posta de segunda a sexta?
Será porque os serviços estão fechados nos demais dias?
Os seus sábados e domingos são sagrados. Não à nada pra ninguém!

!!curioso!!

Anónimo disse...

Caro Zé Mello,
Gostaria de ter o seu link, mas no meu blog são as visitas que se linkam! Por isso e se for da sua vontade, vá até lá e clique no logotipo do "Páginas Amar-ela", para fazer o registo e adicionar o seu blog!
Um abraço,
Daniela

Unknown disse...

lá estão vocês a meterem-se com o Homem!!! Hoje é Segunda Feira e ele não postou (!!!)...

Força Zé... ;-)

Anónimo disse...

Idiotas à parte que já tinhamos a nossa dose.
O Amândio é uma pessoa com muitas qualidade e por isso não necessita de pseudónimo, embora em Elvas às vezes...
Sugiro que dê a cara porque já há os idiotas (daqueles que tambem podemos mandar para Montemor, assim faziamos intercâmbio descultural, contudo acho que eles lá não querem entrar em trocas agora que reduziram o efectivo) que usurpam os valores deste blog, como se alguma vez fossem capazes de escrever duas linhas seguidas.

Um abraço


Xanu que rima com cu, não venhas defender o gaiato, chega de idiotices. O Dr já lhe deve ter entregue a guia de marcha, deixa-lo ir...

Unknown disse...

Atan compadre!!!!!!
kerem ver ko homem já emigrou pra badajuez?

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