edição:Velho Conselheiro Ze de Mello a 24.5.10
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Convém recordar que a candidatura das Fortificações de Elvas terá que preencher certos requisitos requeridos pelo Comité de Património da Unesco, segundo o Dossier apresentado:


As fortificações de Elvas, pela sua expressão territorial, urbana, edificada e militar enquadram-se no âmbito dos bens culturais, nomeadamente dos sítios ou monumentos.

Consideram-se que poderão vir a ser satisfeitos os seguintes critérios de classificação:

(i) Representar uma obra-prima do génio criador humano.

As fortificações de Elvas assentam num processo continuado de qualificação da capacidade militar defensiva e na progressiva adaptação a diferentes tipos de guerra, testemunhando os processos de evolução do armamento, da engenharia militar e possuindo excelentes exemplos de sistemas defensivos.

É evidente que a execução dos sistemas fortificados só foi possível com aprofundados estudos de engenharia (civil e militar), de arquitectura, de urbanismo e de arte (geometria, composição, estética). Estes revelam genialidade criativa, adequação perfeita da forma às funções, domínio da ciência e das técnicas, ao serviço da complexa "arte da guerra".

O grau de excelência atingido nas estruturas militares de Elvas levam mesmo a considerar que estas representam uma síntese representativa dos meios de defesa militar, em algumas das suas fases criticas de evolução.

(ii) Testemunhar uma troca de influências considerável durante um dado período ou numa área cultural determinada, sobre o desenvolvimento da arquitectura, ou da tecnologia das artes monumentais, da planificação das cidades ou da criação de paisagens.

As fortificações de Elvas possuem características notáveis de implantação e de ordenamento. É hoje ainda notória a forma como, nos vários tempos histórico-militares, os sistemas fortificados se enquadraram na paisagem e se lhe moldaram, assumindo posições de vantagem sobre o território e expressando um desígnio funcional, na sua forma e no seu ordenamento urbano.

O ordenamento da cidade e a execução da estrutura fortificada confluem numa planificação funcional da cidade, englobando todos os fenómenos de adaptação, reutilização e inovação que conduziram à maximização do uso militar defensivo. Permanecem ainda relevantes testemunhos históricos, que revelam características arquitectónicas notáveis e que contribuem para um maior e mais coerente conjunto urbano.

A síntese, hoje evidente, entre o planeamento e o ordenamento nos vários tempos do sistema fortificado revelam uma génese e uma evolução urbanas que se destacam a nível mundial.

(iv) Oferecer um exemplo excepcional de um tipo de construção ou de conjunto arquitectónico ou tecnológico ou de paisagem ilustrando um ou vários períodos significativos da história humana.

O sistema fortificado de Elvas ilustra um conjunto urbano com carácter tecnológico e com um uso preponderante, que pela implantação na paisagem, pela sua extensão e pela sua autenticidade se consideram exemplares no contexto mundial.

Os sistemas fortificados fronteiriços são sistemas urbanos e paisagísticos complexos, resultado de períodos de relações conturbados entre povos vizinhos. São símbolos que atestam o valor do território, e exprimem a identidade, a capacidade e os valores dos povos.

Garantias de autenticidade e integridade

As fortificações de Elvas, em função de condições económicas e socais, endógenas às cidades do interior de Portugal, perduraram até hoje em razoável estado de conservação e com características próximas das originais.

Julga-se ser possível em função de fontes documentais militares e civis, e da realização de estudos históricos, arqueológicos, urbanos, arquitectónicos, paisagísticos e sociais, reunir todo um conjunto documental que permitirá comprovar a autenticidade e integridade do bem e demonstrar a importância mundial de Elvas como testemunho dos sistemas fortificados ao longo dos tempos.

É imprescindível definir uma estratégia de intervenção, conservação e restauro que potenciem uma gestão participada, equilibrada e sustentada dos bens a classificar. Deverá ser assegurada a fruição e a democratização patrimonial e traduzida a vontade de valorização do património em ferramentas autónomas de planeamento e ordenamento que compatibilizem a defesa do património com o equilibrado desenvolvimento urbano, social e cultural.

A garantia de mecanismos de incentivo à recuperação qualificada de elementos classificados e de elementos edificados de acompanhamento, bem como a promoção de materiais e técnicas construtivas compatíveis é imprescindível como contribuindo para a adequação das intervenções de conservação e restauro e para a inerente continuidade na vivência e uso dos espaços fortificados. Por outro lado deve ainda ser tida particular atenção à correcção de erros e defeitos nas intervenções já executadas, e, se necessário, impondo-se a restituição das características iniciais fundamentais.

As forças activas de Elvas, das quais a autarquia, o exército e a diocese são as mais relevantes, devem promover não só o conhecimento e a divulgação do bem cultural como efectivar a sua protecção, adequando as intervenções de reabilitação, conservação e restauro aos mais criteriosos níveis de qualidade e de exigência, consentâneos com as cartas e recomendações internacionais.

Como nota de rodapé convido os co-Conselheiros a relerem todos os éditos sobre o tema, e dessa forma evitar confusões que repetidamente têm sido comentadas neste blogue.

TODOS SOMOS ELVAS!!
2010 ANO DA EUROCIDADE

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1 comentários:

Elvas e o Futuro disse...

Ninguém põe em causa o valor intrínseco da candidatura de Elvas, mas sobretudo as circunstâncias que a rodeiam e caracterizam.

Assim deixam-se no ar as seguinte perguntas:

Em Portugal multiplicaram-se as candidaturas à UNESCO, com candidaturas de igual ou superior valia à de Elvas, ultrapassando claramente a vintena.
Será que a UNESCO vai banalizar o título distribuindo 20 títulos?

Quantas candidaturas há neste momento na Europa, - duas mil ?

Por que não é colocado na internet a candidatura de Elvas à UNESCO, bem como a correspondência trocada com a Câmara?

Será que existe algum dossier oficialmente entregue na UNESCO?

Por que razão Domingos Bucho foi escolhido depois de ter instruído o dossier chumbado de Marvão?

No ano 2022, o Zé de Mello estará escrevendo a publicação "A CAMINHO DA UNESCO DCXVII" (642).

Entretanto teremos pelo menos 2 realidades:

- I - Elsa Grilo terá feito toda a sua carreira técnica e política à custa da ilusão UNESCO;

- II - Elvas terá perdido o TGV do desenvolvimento por ter ignorado o Pólo de Desenvolvimento Urbano do Caia.

Quem nos governa?
Quem não gosta de Evas

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