Já aqui em vários éditos referimos que a politica de reabilitação do Centro Histórico de Elvas, ao igual que acontece em vários outras localidades não está a atingir os objectivos. Como em tudo há excepções.
A lavagem de cara dos edificios, a reabilitação e reutilização de espaço públicos e outros edificios de caracter social parece não ser suficiente para dotar o coração do burgo de vida, habitado, vivenciado e atractivo para os que habitam nos suburbios ou mesmo para aqueles que nos visitam.
A mais recente notícias da ruina da fachada de um edificio em pleno Centro Histórico da nossa urbe vem demonstrar isso mesmo. Segundo a Rádio Elvas, "um pedaço de parede da fachada de um prédio caiu ao início desta tarde. O prédio está localizado frente às Portas de Olivença, no centro histórico de Elvas e apresenta sinais de degradação. Apesar da parte que ruiu da fachada não ser significativa, os Bombeiros e Protecção Civil foram chamados ao local. O vereador João Vintem, do gabinete de Protecção Civil da autarquia explicou que os proprietários vão ser contactados para solucionarem o problema, que por motivos familiares se vem arrastando há muito tempo. A zona circundante ao prédio foi vedada pelas autoridades."
Não tem este Velho Conselheiro a solução para os vastos problemas sociais que asolam o Centro da "Cidade", mas recordemos que a taxação abusiva de zonas de estacionamento pagas, a não existência de zonas de parqueamento para moradores ou cartões de moradores, o encerramento de estabelecimentos de restauração e bares às 19H30/20H00, a não renovação do parque habitacional e a cada vez menos atractividade dos estabelecimentos comerciais aí sedeados contribuem para estes facto, mas não em exclusivo. Cabe a todos nós reflectir sobre como solucionar este problema que é não deixar o Centro Histórico embelezado para postais mas sim num Centro Vivo!
1 comentários:
O estacionamento, contributo da Câmara para a desertificação.
A desertificação dos centros históricos é considerada a nível internacional uma realidade inevitável, podendo haver maior ou menor preocupação no sentido de estancar a hemorragia que tem transformado os centros históricos em cidades fantasmas, às vezes com enormes parques de estacionamento totalmente vazios à noite, em Elvas tais parques não existem e os de média dimensão, por exemplo a Casa das Barcas permanecem cheios durante a noite.
A “inteligência” dos fazedores de opinião e o poder económico têm-se deslocado com a formação de núcleos periféricos mais ou menos ricos ou luxuosos, a que pela sua vida própria não poderão ser qualificados de dormitórios ou subúrbios, ficando os centros urbanos povoados com ainda meia dúzia de palácios, ao lado de uma multidão de indigentes, a classe média tem sido obrigada a partir.
Como ex-habitante do centro histórico onde ainda me desloco para trabalhar, há muitos anos que lancei o alarme contra a quase unanimidade pública contra o estacionamento nas ruas e praças do Centro Histórico, opinião ferozmente sustentada pela generalidade dos políticos e pela então associação de comerciantes.
Há ainda quem sonhe com um enorme Centro de Elvas, todo ele pedonal, com 2 corredores de acesso ao parque Rondão Almeida, Praça 25 de Abril/Rua da Cadeia e Rua de Olivença/Rua da Carreira e 2 corredores de saída, Alcáçova/Casa das Barcas e Rua André Gonçalves/Rua de São Francisco, com o resto transformado em alegres ruas de comércio apinhadas de espanhóis, à semelhança do lisboeta Bairro Alto em noite de folia.
Esta animosidade contra as “latas”, entenda-se carros é oriunda sempre de quem no Centro de Elvas não pernoita nem durante o dia trabalha, os quais escapando aos padrões médios de vida elogiam o estacionamento aleijado do Rondão Almeida, que mercê, concordo de uma quantia irrisória, desenrascam as suas idas aos serviços, banca, seguros, etc., e se permitem arrogantemente classificar de terceiro-mundista o estacionamento nas ruas da cidade. É curioso como estes que não prescindem de levar o carro até ao centro, se podem arrogar de ajuizar acerca daqueles que legitimamente querem deixar o carro tão próximo quanto possível das suas casas e dos seus empregos, não podendo diariamente pagar o estacionamento.
A facilidade de acesso aos serviços terá como consequência uma migração desses serviços para a periferia, já temos como exemplo os bancos, corretores de seguros e farmácias, seguramente seguidos de gabinetes de prestação de serviços.
É paradoxal mas na verdade é uma odisseia entrar no desertificado Centro de Elvas entre as 8:30 e as 16:00.
Começou timidamente a supressão de estacionamento no mandato de João Carpinteiro sendo, disso exemplo a eliminação de alguns lugares na Praça 25 de Abril, da qual na altura me foi dada oportunidade de manifestar publicamente o meu desagrado, mas foi durante os executivos de Rondão Almeida que a fúria contra as “latas” se acentuou, com a supressão de muitas centenas de lugares gratuitos para fazer jardinzinhos e fazer a afronta de colocar o estacionamento pago à porta dos habitantes do Centro, privando-os a eles e às empresas que aí estão sedeadas dos lugares que a eles gratuitamente deveriam estar reservados, incentivando a autênticas guerras entre vizinhos pelos lugares disponíveis.
Os riscos amarelos multiplicam-se e os pinos verticais também, tome-se o exemplo da Praça da República e o comboio turístico com os seus lugarzinhos reservados.
A última grande afronta foi a supressão do estacionamento da cisterna, agressão gratuita a quem vive e trabalha no Centro, ao lado imagine-se, de uns quantos lugares reservados ao comboio turístico que não os utiliza.
É revoltante verificar que quando as Juntas de Freguesia se mudaram para a Rua do Tabolado, tiveram o cuidado de imediatamente reservar 2 lugares em frente à Manutenção Militar.
Os problemas nacionais do congelamento das rendas por Salazar, agravado por alguns anos de Socialismo Constitucional, levaram à degradação do Centro, potenciado pela falta de estacionamento, agravado como está em Elvas pelo espartilho das muralhas.
É possível ainda não inverter mas remediar a situação, restituindo muitos lugares usurpados e reservando-os a gratuitamente a quem habita no Centro, pois não se pode tratar aqueles como meros figurantes históricos, negando-lhes o direito a ter carro, do qual a maioria não prescinde.
José Ferreira, Elvas, 11 de Abril de 2008.
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