CIDADES ABALUARTADAS DA RAIA
Texto de Moisés Cayetano Rosado - Professor na Universidade da Extremadura e Director da Revista de Estudios Extremeños
As lutas entre Espanha e Portugal durante a Idade Moderna fizeram com que os recintos fortificados mais perto da “Raia” se reforçassem com técnicas adequadas às inovadoras armas de combate de grande alcance – em especial a artilharia -, ao mesmo tempo que ampliavam o seu perímetro e se dotavam de fortes externos, revelins, galcies… Assim se constituindo-se em fortificações abaluartadas: construções com pouca altura, mas de grossos muros em talude de dupla parede de pedra recheadas de terra, que absorvem os impactos, e reforçadas por baluartes poligonais em ângulo.
Na linha Madrid-Lisboa, na fronteira, tornam-se imprescindíveis: Guerra da Restauração para libertar-se do domínio dos Áustrias Espanhóis (1640-1668), Guerra da Sucessão da Coroa Espanhola depois da morte sem descendência de Carlos II (1701-1714) e das Invasões Napoleónicas na sua ânsia imperialista (1808-1814) serviram para contínuos aperfeiçoamentos.
Hoje, esse excelente património arquitectónico militar na “Raia” tem os seus exemplos mais singulares – correspondendo ao “botão e olhal” – em Marvão/Castelo de Vide/Portalegre frente a Alcántara/Bronzas/Valencia de Alcántara; Ouguela/Campo Maior frente a Albuquerque; Elvas (e a sua retaguarda Vila Viçosa/Estremoz/Évora) frente a Badajoz; Juromenha correspondendo a Olivença e Monsaraz com Alconchel. Ou mais a norte Ciudad Rodrigo com Almeida; ou mais a norte Valença do Minho com Baiona.
O muito e valioso que se conserva, tem identidade, especificidade, universalidade, densidade, valor histórico e artístico e ideia de conjunto suficiente – requisitos exigidos pela UNESCO – para constituir um legado digno e potencial para candidatar-se a Património Mundial, dentro da tipologia de Sitio, podendo estender-se a toda a Raia Ibérica.
Certamente, a identidade é inigualável: em nenhum outro lugar do mundo há um património arquitectónico militar tão claro, definido, conseguido e homogéneo.
Por outro lado a especificidade é indiscutível: estamos perante um património monumental rigorosamente utilitário, de reforço defensivo, de salvaguarda da população, de prevenção em frente à hostilidade sistematizada.
O património é, por sua vez, taxativamente universal: responde a um modelo construtivo que tem equivalências e replicas por todo o mundo, entre os séculos XVII e XIX, sobretudo na Latino-américa e Mediterrâneo.
Mas a densidade, a nutrida representação de construções, em nenhum lugar está tão presente como na raia extremenho-alentejana.
Tudo isto nos situa perante um legado de grande valor histórico artístico, pois por elas podemos estudar a mentalidade sociopolítica, poder económico, desenvolvimento cultural, cientifico, técnico de um extenso período de mais de 300 anos.
O conjunto tem ideologia extraordinária, pois responde a uns rigorosos critérios lógicos: a convulsão continuada durante um período difícil; a assunção de responsabilidades colectivas para salvaguardar a comunidade ameaçada; a consciência da necessidade de uma obra perdurável no tempo perante as agressões bélicas sistematizadas, sem esperança de uma rápida solução pacífica.
Já, na Lista Indicativa de Espanha, revista pelo Consejo del Patrimonio Historico em 17 de Junho de 2005, figura com aspirações a ser classificado como Património Mundial as “Fortificações Abaluartadas Fronteiriças”, requisito prévio para a candidatura formal à UNESCO. E, a cátedra de Analise Urbano e Regional do Departamento de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade da Extremadura, dirigida pelo professor Antonio J. Campesino Fernandez, Vice Presidente do ICOMOS – Espanha (organismo consultor da UNESCO para avaliação dos aspirantes a Património Mundial), está eficazmente trabalhando para alcança-lo; o professor da Universidade Moderna de Lisboa, Dr. Arq. Manuel Pagés Madrigal, vem coordinando desde 1995 workshops de verão sobre o tema.
Desde a Extremadura e o Alentejo – em realidade, desde toda a Raia – temos que trabalhar para que esta aspiração se concretize: estudar, investigar, catalogar, cartografar, fotografar, documentar, reabilitar as fortificações abaluartadas; valoriza-las como museus de Historia Militar e de Historia de Fronteira, como centros culturais, recreativos, de encontro e ócio, como atracção turística… Coordenar esforços municipais, regionais, transfronteiriços…; universitários e políticos… Estes são os passos primordiais para ambicionar com garantias a Sitio Património da Humanidade.
Na linha Madrid-Lisboa, na fronteira, tornam-se imprescindíveis: Guerra da Restauração para libertar-se do domínio dos Áustrias Espanhóis (1640-1668), Guerra da Sucessão da Coroa Espanhola depois da morte sem descendência de Carlos II (1701-1714) e das Invasões Napoleónicas na sua ânsia imperialista (1808-1814) serviram para contínuos aperfeiçoamentos.
Hoje, esse excelente património arquitectónico militar na “Raia” tem os seus exemplos mais singulares – correspondendo ao “botão e olhal” – em Marvão/Castelo de Vide/Portalegre frente a Alcántara/Bronzas/Valencia de Alcántara; Ouguela/Campo Maior frente a Albuquerque; Elvas (e a sua retaguarda Vila Viçosa/Estremoz/Évora) frente a Badajoz; Juromenha correspondendo a Olivença e Monsaraz com Alconchel. Ou mais a norte Ciudad Rodrigo com Almeida; ou mais a norte Valença do Minho com Baiona.
O muito e valioso que se conserva, tem identidade, especificidade, universalidade, densidade, valor histórico e artístico e ideia de conjunto suficiente – requisitos exigidos pela UNESCO – para constituir um legado digno e potencial para candidatar-se a Património Mundial, dentro da tipologia de Sitio, podendo estender-se a toda a Raia Ibérica.
Certamente, a identidade é inigualável: em nenhum outro lugar do mundo há um património arquitectónico militar tão claro, definido, conseguido e homogéneo.
Por outro lado a especificidade é indiscutível: estamos perante um património monumental rigorosamente utilitário, de reforço defensivo, de salvaguarda da população, de prevenção em frente à hostilidade sistematizada.
O património é, por sua vez, taxativamente universal: responde a um modelo construtivo que tem equivalências e replicas por todo o mundo, entre os séculos XVII e XIX, sobretudo na Latino-américa e Mediterrâneo.
Mas a densidade, a nutrida representação de construções, em nenhum lugar está tão presente como na raia extremenho-alentejana.
Tudo isto nos situa perante um legado de grande valor histórico artístico, pois por elas podemos estudar a mentalidade sociopolítica, poder económico, desenvolvimento cultural, cientifico, técnico de um extenso período de mais de 300 anos.
O conjunto tem ideologia extraordinária, pois responde a uns rigorosos critérios lógicos: a convulsão continuada durante um período difícil; a assunção de responsabilidades colectivas para salvaguardar a comunidade ameaçada; a consciência da necessidade de uma obra perdurável no tempo perante as agressões bélicas sistematizadas, sem esperança de uma rápida solução pacífica.
Já, na Lista Indicativa de Espanha, revista pelo Consejo del Patrimonio Historico em 17 de Junho de 2005, figura com aspirações a ser classificado como Património Mundial as “Fortificações Abaluartadas Fronteiriças”, requisito prévio para a candidatura formal à UNESCO. E, a cátedra de Analise Urbano e Regional do Departamento de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade da Extremadura, dirigida pelo professor Antonio J. Campesino Fernandez, Vice Presidente do ICOMOS – Espanha (organismo consultor da UNESCO para avaliação dos aspirantes a Património Mundial), está eficazmente trabalhando para alcança-lo; o professor da Universidade Moderna de Lisboa, Dr. Arq. Manuel Pagés Madrigal, vem coordinando desde 1995 workshops de verão sobre o tema.
Desde a Extremadura e o Alentejo – em realidade, desde toda a Raia – temos que trabalhar para que esta aspiração se concretize: estudar, investigar, catalogar, cartografar, fotografar, documentar, reabilitar as fortificações abaluartadas; valoriza-las como museus de Historia Militar e de Historia de Fronteira, como centros culturais, recreativos, de encontro e ócio, como atracção turística… Coordenar esforços municipais, regionais, transfronteiriços…; universitários e políticos… Estes são os passos primordiais para ambicionar com garantias a Sitio Património da Humanidade.
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