edição:Velho Conselheiro Ze de Mello a 8.2.07
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Pela Mariana... eu voto SIM!!
Tinha 15 anos, faria 16 no dia seguinte...mas não chegou lá. Pelo menos não com vida.Morreu sozinha numa rua de Évora. Esvaiu-se em sangue. Sozinha.Estávamos em Janeiro...já passaram mais de 30 anos mas parece que foi ontem.Éramos amigas desde miúdas, andávamos na mesma turma e estávamos sempre prontas para nos apoiarmos uma à outra, sobretudo quando as coisas envolviam uma partida pregada a algum professor.Era o nosso primeiro ano longe uma da outra. Ela ficou no Alentejo e eu vim estudar para Queluz.Ela conheceu alguém que nunca devia ter conhecido. Ela deixou de ser uma jovem alegre de longos cabelos pretos e passou a ser um brinquedo nas mãos de alguém que usava as mulheres a seu bel-prazer. Na altura ninguém se lembrou que ela era menor e ele um homem feito e já com filhos. Se alguém se lembrou não achou importante fazer qualquer coisa para colocar um ponto final na situação. Deixou andar. Calou e consentiu.Um dia na véspera de completar 16 anos apareceu morta numa rua de Évora.Tinha ido fazer um aborto. Sem qualquer tipo de segurança. Numa casa qualquer de uma mulher qualquer sem escrúpulos.Ficou toda destruída por dentro...Foi atirada para uma rua escura num fim de tarde de Janeiro...E ali encontrou a morte...sozinha porque quem a levou não tinha um pingo de moral nem de consciência e fugiu. Deixou que a morte chegasse e ela estivesse ali deitada numa rua escura e fria...sozinha.Não lhe deram mais um dia para fazer 16 anos.
A Nanita, era assim que os amigos a tratavam, morreu como têm morrido tantas meninas e mulheres neste país...às mãos de gente sem escrúpulos que se têm enchido de dinheiro à custa da desgraça dos outros.Para que nunca mais nenhuma Nanita morra sozinha numa rua fria e escura de uma qualquer cidade deste País...eu voto SIM!!P.S. -Esta não é uma estória de ficção...esta é uma história bem real, demasiado real e dolorosa para a família e amigos da Nanita. Aconteceu há mais de 30 anos...mas podia ter sido hoje.
Adenda: A minha filha perguntou-me porque escrevi "estória" e não "história"...eis a explicação para quem tenha a mesma dúvida.
Estória é um neologismo proposto por João Ribeiro em 1919, para designar, no campo do folclore, a narrativa popular, o conto tradicional.Alguns consideram o termo arcaico, mas ele difere claramente de "História", pelo primeiro ser algo inventado e o segundo algo verídico.O termo acabou por não ter uma aceitação generalizada, uma vez que pode ser feita a distinção entre "história " (com caixa baixa ou minúscula) e "História" (com caixa alta ou maiúscula). O primeiro termo significa narrativa, ficção e o segundo refere-se à ciência que estuda o Homem no tempo.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Texto de Aldina Leitão

15 comentários:

Anónimo disse...

A Nanita, desculpe-me esta pergunta fez um aborto ilegal porque motivo? Parece ser pelo texto que engravidou de um homem casado e seria segundo parece menor de idade. Ora, responda-me a isto com sinceridade - Se a Nanita apanhasse uma lei como a que querem implementar teria abortado no sistema nacional de saúde? Não creio e sabe porquê, porque quase todos os abortos ilegais se realizam por vergonha das mães, vergonha de dizer aos pais e sobretudo vergonha de dizer à sociedade. Parece pela forma como descreve a dramática situação que a Nanita infelizmente teria um fim similar, pois recorreria ao aborto ilegal na mesma, porque no SNS teria de dar conhecimento aos pais, mais ainda sendo menor.

Anónimo disse...

até pode ter razão quanto ao facto dessa menina nao ir recorrer ao SNS. No entanto, se a lei fosse diferente haverá concerteza clinicas privadas (legais) para quem queira realziar o aborto, tal como hoje em dia se pode ir a um ortopedista no SNS ou numa clinica privada. a diferença está no atendimento.

Eu sou pela vida, mas vou votar sim, pois acho que o aborto clandestino não vai deixar de existir, e vai continuar a haver gente que continuará a encher os bolsos. Além do mais, não me parece que pelo facto de haver uma lei que permita a realização do aborto por opção da mulher, que vá haver mais interrupções voluntárias da gravidez.

Anónimo disse...

Lá está! Já está o anonimo anterior a falar em clinicas PRIVADAS legais. Pois é, então e agora já não falam nos coitadinhos que não têm dinheiro para as privadas? Esse continuarão a abortar ilegalmente por todos os motivos e mais algum. Negocio vai ser depois da liberalização, pode crer, ja anda tudo a mexer para abrirem cilinas "Los arcos" de norte a sul do pais.

Anónimo disse...

Caro anonimo,

Não dramatize a questão. Por acaso sabe quanto custa uma IVG numa clínica privada em Badajoz, pois bem, eu informo, custa tanto quanto fazê-lo numa casa qualquer de um(a) médico(a) qualquer. Sendo assim qual é a diferença?

Não estou aqui para mudar a opinião de alguém. Contudo, ninguém do não me conseguiu dar argumentos válidos para mudar de ideias. E recordo mais uma vez, eu sou pela vida e acho que há para tudo uma solução. Voto sim para que deixe de haver pessoas a ganhar dinheiro com isso e mulheres a morrer (no pior cenário) ou a ficarem com problemas graves de saúde.

Anónimo disse...

Lá está...então a questão dos custos que muitas não podem suportar não é mais que uma mentira dos defensores do SIM. Afinal é tão barato, mas tão barato que qualquer uma lhe pode recorrer. Apanha um expresso para Espanha (máximo dos máximos, 25 euros), faz um aborto numa clinica Espanhola quase de borla (segundo o anónimo de cima) e volta para sua casa sem o peso de uma criança dentro de si, mas com um peso na consciência que a vai acompanhar toda a vida.

Anónimo disse...

Sou pela vida mas vou votar sim, haverá frase mais hipócrita??

Anónimo disse...

sera q aqueles q votam não estão dispostos a adoptar uma criança, filha nascida pq a mãe ñ tinha € pra ir a badajoz, filha ñ desejada e quem sabe com q historial familiar?

Eu vou votar sim, pq sendo Homem ñ pretendo mandar na saúde das mulheres nem na sua consciencia!

O Estado deve esse sim suportar os encargos dos abortos ao igual q suporta qdo se vai tirar um dente ao SNS.

Ñ mais abortos para ricos e desgraças familiares para os pobres!

Ñ à hipocresia!

Sei de algumas defensoras do sim q já pagaram para lhes fazerem um aborto... mas como sao TIAS podem faze-lo!

IGUALDADE!

ah! e não valem em metodos contraceptivos qdo o vosso PAPA diz q é pecado capital!

Anónimo disse...

leia - se falem

Dina disse...

Se repararem bem no texto percebem que estamos a falar dum caso com mais de 30 anos.Uma jovem ingénua apanhada por um tipo sem moral e sem escrúpulos que a OBRIGOU a fazer um aborto. Ela não teve escolha.Nem sequer tinha idade para saber o que a esperava. Esse mesmo indíviduo deixou-a sózinha quando as coisas se complicaram. O que lhe aconteceu a ela tem acontecido de Norte a Sul do País. Ainda não há muito tempo morreu uma miúda de 14 anos.Quantas mais jovens e mulheres precisam de morrer neste país?
Não sou a favor do aborto, aliás acho que nenhuma MULHER é a favor, mas vou votar SIM para acabar com a hipocrisia que hoje existe. Os defensores do Não utilizam o argumento de que continuará a existir aborto clandestino. Talvez até as pessoas perceberem que não precisam de ter medo de recorrer a um hospital, mas irão diminuir e muito.O que não pode continuar é a situação que existe neste momento. Quem tem dinheiro vai a Espanha quem não tem vai a um qualquer vão de escada onde existe uma "clínica" que de clínica só tem o nome.
Se votar Não contribuisse para que não houvesse nenhum aborto neste país eu votaria sem hesitar, mas não é isso que acontece hoje pois não?
Há mulheres que continuam a ser resas, há mulheres que continuam a ficar estéreis por causa dum aborto feito de qualquer maneira, há mulheres que continuam a sofrer as consequências dum aborto o resto das suas vidas não só psicológicamente como físicamente.
Poucos têm referido o que significa para uma mulher a nível psicológico ter que recorrer ao aborto. Parece que para muitos essa decisão é tomada de ânimo leve.Nunca é.É sempre o último recurso numa situação de desespero. Se este país tivesse um sistema que permitisse a adopção de crianças duma forma mais acelerada talvez algumas destas mulheres optassem por essa solução mas a verdade não é essa.
Para mim votar no SIM é dar oportunidade de ESCOLHA a quem se vê perante este dilema.
Já agora já pensaram em quantas mulheres neste país fizeram um aborto enquanto eu escrevi este texto?
Repito não sou a favor do aborto como método anticoncepcional, nenhuma mulher pode ser a favor de algo que a vai marcar para o resto da vida mas muitas vezes é a única solução. Então que possa ser feito com segurança.Sem clandestinidade...sem riscos.
Aos que defendem o Não só peço uma coisa, que apresentem os seus argumentos, que os defendam mas que respeitem quem tem uma opinião contrária.

jade disse...

Eu voto Nâo! sou hipócita??
Vamos ver as consequências do ABORTO livre,mais a clinica em Elvas ( e seus admistradores).
Vai ganhar o sim, não se apoquentem,a opinião do povo é só uma formola...

Dina disse...

Alguém me explica?
Acabei de ouvir num dos tempos de antena do PSD esta frase de um dos defensores do Não:

" O dom supremo da vida encontra-se num plano superior ao da qualidade de vida"

Alguém me explica isto?
Pelo que eu entendi o que importa é vir ao mundo...o tipo de vida que depois tenha...isso é secundário.
Será isto ? Ou terei percebido mal??
Uma criança tem é que vir ao mundo...depois de cá estar pode ser maltratada, violada...até morta.
Mas veio ao mundo!
Viveu!!
E para os defensores do Não o importante é que tenha vindo ao mundo...depois de cá estar...tem que aguentar o que lhe aparecer pela frente.
É isto que quer dizer essa frase que acabei de ouvir??
Se é isso...não obrigado.
Este argumento só serve para que me convença ainda mais que o mais correcto é votar SIM!!!

Dina disse...

Rosamaria eu aceito que tu votes não e que o faças com convicção. Não te considero hipócrita.
Mas que o sistema vigente não é justo...lá isso não é. Que os Srs como os que acabei de ouvir têm uma atitude hipócrita perante este problema têm.
Não sei se ganhará o sim, mas se isso acontecer espero que as pessoas percebam que o ganharam foi a liberdade de poder ESCOLHER.
A lei não vai obrigar ninguém...mas também não as vai continuar a penalizar.

Anónimo disse...

Sr Zé de Melo

Lamento dirigir-me a VExª por estas razões que me deixam ficar extremamente triste. Sou familiar da falecida Nanita e, que eu saiba ninguém da família concordou que esta notícia fosse escrita e publicada num blog. Em boa verdade nem lhe foi perguntado.
É esta a democracia que podemos encontrar neste blog?
Isto não é uma invasão à vida privada das famílias?
Isto não é uma invasão aos sentimentos das pessoas que perderam um ente querido?
Isto não é fazer publicidade "barata" e ofensiva com a descrição de um caso que pode servir a opinião pública em ambos os sentidos?
E o Sr entra neste tipo de coisas?
Eu que admiro e tenho recomendado este blog!
Nunca pensei.
A sra Aldina tem obrigação de pensar e reflectir quem magoa com o que escreve. Se calhar estou a pedir a quem não tem....

Anónimo disse...

É de facto uma vergonha expor assim um sentimento intimo. A tal Aldina que se diz tão amiga vem expor um tem desta natureza para capitalizar votos no "SIM"?? Haja vergonha dona aldina. Se era sua amiga..RESPEITE a Nanita, não esponha um momento trágico desta maneira

Anónimo disse...

Estou farto de moralistas baratos.
Ao ouvi-los sinto uma revolta enorme pela hiprócrisia com que argumentam.
O referendo é sobre a despenalização e vós no vosso eterno fundamentalismo andam a tentar enganar e enganar-se dizendo que se trata de liberalização.
Vejam o assunto como quiserem mas o que eu desejo é que qualquer mulher que queira fazer uma interrupção de gravidez ou aborto, mesmo depois de todas as entrevistas com psicólogos, assistentes sociais, almas caridosas ( que agora há aos milhares), madames e beatas, dizia eu que o possam fazer nos hospitais, nas casas de saúde, devidamente acompanhadas por pessoal clínico habilitados para o fazer.
É que foi por causa de um aborto de vão de escada que fiquei orfão quando tinha 3 anos. Sei por isso do que falo ao contrário de tantos pseudos moralistas.
E se o Sim ganhar espero que os que agora defendem o Não iniciem com igual fervor uma campanha de esclarecimento a todas as mulheres férteis, dos métodos anti-conceptivos para que não se vejam mais tarde na situação de um dia terem um terrivel dilema para resolver.
É que apesar de se falar há tantos anos, continua a educação sexual a não ser dada nas escolas,e não digam que é assunto para ser tratado em casa porque nunca um cego soube conduzir outro cego.
Leiam essas revistas onde se fazem perguntas sobre educação sexual e até mete dó a ignorância que por lá é espelhada.
Mas é assunto tabu, não é?

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