edição:Velho Conselheiro Ze de Mello a 26.1.06
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Completaram-se ontem 139 anos do nascimento desta ilustre elvense.

"Adelaide Cabete é uma das figuras importantes da história portuguesa do início do século XX. Foi médica e professora, Nasceu em Elvas, em 25 de Janeiro de 1867 e faleceu em Lisboa, em 14 de Setembro de 1935. De origem humilde e órfã, desde criança conheceu o duro trabalho da ameixa e doméstico, em casas ricas de Elvas, nas quais, de ouvido, aprendeu os rudimentos da escrita e leitura. Cantando «Saias» na passeira das ameixas, atraiu a atenção de Manuel Cabete. Casaram e o marido, que a ajudava nas tarefas domésticas, lançou-a nos estudos e na militância republicana e feminista. Já com 22 anos fez o exame de instrução primária. Em 1895, mudam-se para Lisboa, onde é uma aluna ainda mais aplicada, dizendo-se que enquanto lavava o chão de sua casa, ia revendo as matérias de Anatomia no livro encostado ao balde. Foi uma das pioneiras na Universidade, na Maçonaria e no Feminismo. Na capital torna-se médica ( Ginecologista/Obstétra com consultórios na Baixa), publicista, republicana, maçón, feminista, anti–alcoólica, abolicionista, pacifista e defensora dos animais. Em 1929 vai com o sobrinho Arnaldo Brasão para Luanda, de onde regressa em 1934.
Foi médica e professora das «meninas de Odivelas», regendo a disciplina de Higiene e Puericultura, durante 17 anos, no Instituto Feminino de Educação e Trabalho. A experiência docente, as teorias pedagógicas, com exemplos práticos, que apresentou em Congressos, e as suas reivindicações de carácter feminista permitem considerá-la uma professora feminista.
Com outras mulheres feministas também importantes, criou e integrou organizações feministas, nelas exercendo diversos cargos. Foi mais de 20 anos Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Representou no estrangeiro o governo português. Boa oradora, participou em Congressos e Conferências. Escreveu dezenas de artigos, de temática diversa, essencialmente de carácter médico–sanitário e cariz feminista. Manifestou as suas preocupações sociais, apresentando soluções e medidas profiláticas de doenças e epidemias.
Benemérita, defendeu sempre as mulheres grávidas pobres, as crianças, as prostitutas e os indígenas (Angola). Radical, por vezes, em assuntos de decência feminina, mostrou-se contrária à importação da moda feminina, criticando as saias curtas e recomendando o uso da saia até um palmo do chão. Humanista, aplaudiu o encerramento de tabernas e manifestou-se contra a violência nas touradas, o uso de brinquedos bélicos, etc, revelando-se uma vanguardista ao suscitar temas que mantêm a sua actualidade. Na maçonaria, com ideias de fraternidade, progresso e justiça, atingiu o grau de “Venerável” (20º-Grau do rito escocês com 35 Graus). Quando escrevia contra os monárquicos e os jesuítas denotava os seus ideais republicanos, confirmados no interior da Liga Republicana das Mulheres, a que esteve ligada. De ideias progressistas e muito avançadas para a época, reivindicou para as mulheres o direito a um mês de descanso antes do parto.
Alguns factos emolduram a sua vida pública, com actos simbólicos de cidadania e patriotismo. Em 1910, com duas companheiras, coseu e bordou a bandeira nacional hasteada na implantação da República, na Rotunda, em Lisboa. Em 1912 reivindicou o voto das mulheres. E em 1933 foi a primeira e única mulher a votar em Luanda a Constituição Portuguesa.
Mulher dinâmica, de forte personalidade e grande frontalidade. O seu dinamismo não a deixou dormir sobre os louros conquistados. A sua acção não se limitou a teorias, traduziu-se em realidades práticas. Carinhosa e bondosa, de estilo simples, objectiva, de linguagem clara, Adelaide Cabete deixa-nos uma obra importante."
Por Joaquim Eduardo
Em Elvas tem o seu nome atribuido à rua onde se situa o hospital.

1 comentários:

Anónimo disse...

Saiu na rádio e no jornal.
ganda zé.
Força

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